Conforme combinado nosso objetivo aqui é explorar melhor os aspectos e elementos que compõem o universo da Cultura Organizacional. Sendo assim, nada mais lógico que aos poucos desfragmentemos esses compostos para explicarmos e debatermos cada item, de como se dá a forma, as manifestações, os tipos, as classificações, os mecanismos; enfim, cada pedacinho que nos ajuda a compreendê-la como um todo. E que progressivamente possamos juntos entender melhor, dando mais significado e importância a essa temática que nos orienta a esclarecer o porquê as coisas acontecem de certa maneira, e como podemos utilizar isto como uma ferramenta capaz de direcionar melhor nossa atuação de Relações Públicas contribuindo para que a organização atinja seus objetivos.
Pois bem, vamos começar a debater sobre alguns elementos-chaves, começando com o tema: História.
Por que estudar História se está já é passado e devido ao pouco tempo precisamos nos dedicar cada vez mais em planejar o futuro?
Simplesmente porque a história é reputação, simplesmente porque esta tem se destacado como um diferencial competitivo, e atualmente a sociedade não espera que as empresas apenas se limitem a produzir e prestar serviços, mas que as organizações tenham uma postura mais ética, mais responsável; mais sustentável. E não apenas sigam princípios e ideais, mas que informem, expliquem e acima de tudo legitimem suas ações e provem que suas atitudes não são apenas publicitárias - com o intuito de lucrar, mas que demonstre que o discurso e a prática estão alinhados, e que estas assumem as responsabilidades que são devidas, não apenas com os objetivos internos, mas também com os objetivos sociais, ambientais e econômicos.
Resgatar história não significar só dar o destaque devidos aos heróis, compreender a identidade, valores e princípios, alinhar tradição e inovação, influenciar na opinião pública, mas principalmente no que diz respeito à Comunicação Interna; um dos pontos chaves é o fortalecimento do sentimento de pertencimento dos colaboradores, colocando o funcionário como protagonista da trajetória da empresa. Além disso, envolvê-los e inserir o sentimento de orgulho, sentimento de capacidade, sentimento de que todo funcionário independente de seu cargo, sua função, saiba que é um agente responsável na construção do que a organização é hoje, e o estado em que se encontra, sem contar que também são eles que darão os passos de hoje e amanhã.
Afinal o que é história organizacional senão a somatória de histórias individuais que convergem para os mesmos objetivos?
“Contudo, a criação da história não precisa necessariamente ser uma meta em si, mas precisa integrar as ações internas de tal forma que estimule as reflexões para criar um entendimento comum sobre a empresa.” Comunicação como Competência de Liderança, 2009. MANSI, Viviane.
Para exemplificar melhor podemos comentar um pouco sobre o trabalho do CDM da Multibrás, segundo a empresa:
“O CDM (Centro de Documentação e Memória), área responsável pela administração da memória da empresa, surgiu em 1995 visando não apenas preservar a memória do grupo Brasmotor, no momento de sua transição para o grupo Multibras, como também fazer uma política de guarda de tudo que surgisse daí por diante. Hoje, o CDM é responsável pelo atendimento a estudantes, professores, imprensa e todo e qualquer público externo e interno que necessite de informações referentes a Whirlpool e suas marcas. Memória Empresarial, para nós, é altamente estratégica por ser a ferramenta pela qual podemos criar a sensação de pertencimento, não apenas entre nossos consumidores, mas também entre nossos funcionários. Portanto, a memória empresarial é pensada e avaliada a todo o momento, desde o momento de elaboração de um produto até sua comunicação, sendo por isso altamente estratégica.”
Com vimos de acordo com sua definição, a organização trabalha bastante a sensação de pertencimento, reforçando tanto os princípios organizacionais da empresa e de suas marcas a fim de agregar valor, mas também foca no quesito "identidade da empresa em função de seus colaboradores", possibilitando assim, que estes não apenas saibam da existência da missão, visão e valores, mas que possam entender, acreditar, internalizar e agir de forma a expressar e manifestar todo este engajamento. Assim, podemos considerar que a memória é utilizada como uma forma de dar sustentação e divulgar solidez do negócio da organização.
Se precisarmos ter uma prova concreta de que alguma empresa realmente consegue extrair da teoria e do papel todo o potencial que a história organizacional nos permite, podemos ver que isso já acontece (e não é recente), um fato de sucesso que utiliza a memória organizacional não apenas como acervo ou modismo, mas como um instrumento estratégico para trabalhar várias vertentes tanto no âmbito da comunicação quanto do negócio da empresa.
Indo mais além, podemos ainda analisar que a empresa não apenas trabalha a comunicação mercadológica separada da comunicação institucional, mas que as une e desenvolve em conjunto para uma única comunicação, utilizando todos os recursos que estas possibilitam para que juntos possam desenvolver um pensamento sistêmico no qual visem os objetivos da organização e que para isso utilize a comunicação para tal. Pois, não é organização que precisa alinhar aos objetivos da comunicação, mas a comunicação que precisa contribuir e alinhar-se aos objetivos macros da empresa.
Bibliografia
- PEREIRA, Tânia Oliveira. A Responsabilidade Histórica e a Memória Institucional no Fortalecimento da Reputação Corporativa: Caso Odebrecht. N. 1. São Paulo, 2007. Disponível em . Acesso em: 04 Abril. 2010
- História como fator de transcendência das organizações. Revista Comunicação
- Empresarial, São Paulo: ABERJE, ano 11, n. 41, p. 18-23, outubro/dezembro 2001.
- TARAGANO, Rogéria. Quanto vale a sua reputação? Disponível Em Acesso em 04 Abril. 2010.
(Escrito por: Marisol Kiyoko Nakabayashi Cruz Guevara)